quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Liberdade



Estamos na semana da Terra Brasilis, tais comemorações me remete a menos de dois séculos no passado.

Eis que, mesmo da minha toca, se não fosse a concreta floresta que ora se ergue ao meu redor, este roedor do planalto de Piratininga, poderia ver o famoso riacho e até com um pouco de imaginação ouvir o então, brado retumbante, que certamente ainda ecoa, romanticamente, por estas bandas nesta época tão festiva.

E daí???

Ora se assim inicio o discurso, da independência falando, o faço não pela efeméride e sim pela idéia que a ela acompanha, a liberdade.

Tão simples é o ato, tão inimaginável é a distancia que o leva a liberdade.

A liberdade, assim como a verdade absoluta, é uma utopia

A segunda quando não vista como una é relativa mas, a primeira, a incompreendida liberdade, não tem outra forma de ser vista senão na sua imensurável totalidade.

Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós...

Hã???

Como?

Virou o Samba do Crioulo Doido?!!

Se falava eu da independência e sua proclamação, porque da república os versos tomo?

Ora, eis aí um tênue e efêmero vislumbre da Liberdade a se fazer ver na prática.

Por ser esta uma idéia inatingível ouve quem, há muito tempo, a encadeasse a parâmetros.

Se presa a uma conjectura idealizada chamava-se Democracia, se livre, Barbárie.

A idéia a qual foi atado o conceito de Liberdade, é um amontoado de códigos, de leis, repletos todos de artigos, parágrafos, caputs e é claro, feita por poucos a representar outros e interesses muitos, para ser usada por todos e com a concordância unânime dos usuários.

Mas a Democracia é natimorta, seus idealizadores possuíam escravos, alias, ela só pôde ser engendrada porque haviam os escravos fato este, por si só, incoerente com a idéia concebida e à liberdade como uma realidade coletiva.

Vai daí...

O Feto, apesar de morto, é o belo e a Barbárie, bem viva, o feio!

Coisas das dualidades; conseqüências das tentativas de explicar o inexplicável, conceber o inconcebível, dimensionar o imensurável e sempre, sempre associado à interesses que na maioria das vezes se mostraram inconfessáveis.

Seja como for, já que arremetido fui ao tema, vejo a liberdade (coletiva) como uma utopia já que uma vez individualizada é tendenciosa, o que enfim e por fim é o nosso dia-a-dia.

A liberdade, pseudo social como é, reconhece apenas os vencedores e a estes outorga a verdade e o poder de decisão sobre o certo e o errado, sobre o que é moral e o que é imoral, dá ao vencedor e seus interesses o poder de justiça e o poder da morte, independente destes haverem vencido de maneira imoral ou não, de maneira desonrosa ou não, pois tem sido notório que só a vitória conta, só a vitória vale e para ela todos os meios não só são justos como também justificáveis.

Eis aí o porque do relativismo da moral, da honra, das leis e das punições que tanto assombram a vida e o cotidiano de uma humanidade com tendências à decência, à honra e à moral.

Aos olhos do global é criminoso apenas aquele que mata seis milhões por ideologia e não aquele que mata vinte milhões por ganância, é criminoso o que mata uma parte de uma população por questões étnicas e não que aquele que destrói duas cidades inteiras só para saber como funciona uma arma de guerra na vida real, não é crime matar seres humanos aos milhares só para amealhar riquezas, mas é crime roubar para manter vivo a si e os seus por apenas mais um dia.

A linha demarcatória destes limites me parece muito clara.

Ao vitorioso, independente de qualquer coisa, nada se pede ou se cobra, tudo se dá.

Ao derrotado se criminoso ou não, se culpado ou não, tudo lhe será imputado, tudo lhe será cobrado, tudo lhe será tomado de uma forma ou de outra.

A Liberdade dos homens da ao vencedor os despojos e as honras, ao derrotado a dureza das leis vencedoras, a frieza e o oportunismo dos interesses vitoriosos, condena-os uma condição miserável, dá-lhes por fim a escravidão, ou, lhes impõe uma submissão vil, abjeta, servil e colonial.

Por fim, ao vitorioso o palácio imperial com seus amigos mais chegados a desfrutar de prazeres e delícias inimagináveis, aos aliados a concessão de feudos portentosos, aos bons colaboradores da causa, consortes abnegados e aparentados coniventes, os postos para a arrecadação ou controle das riquezas e das massas, aos derrotados a condição de libertos de um jugo opressor, felizes e contentes colonos em uma terra que lhes fora própria, no entanto não mais sua, (talvez de ninguém, o que não tem a menor importância) porém servil e produtiva, fecunda, para o vitorioso dono do plantel.

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